Sabe bem ter-te por perto
Sabe bem tudo tão certo
Sabe bem quando te espero
Sabe bem beber quem quero
Quase que não chegava
A tempo de me deliciar
Quase que não chegava
A horas de te abraçar
Quase que não recebia
A prenda prometida
Quase que não devia
Existir tal companhia
Não me lembras o céu
Nem nada que se pareça
Não me lembras a lua
Nem nada que se escureça
Se um dia me sinto nua
Tomara que a terra estremeça
Que a minha boca na tua
Eu confesso não sai da cabeça
Se um beijo é quase perfeito
Perdidos num rio sem leito
Que dirá se o tempo nos der
O tempo a que temos direito
Se um dia um anjo fizer
A seta bater-te no peito
Se um dia o diabo quiser
Faremos o crime perfeito
...
Para ouvir: http://donnamarialetras.blogspot.com/
2007-07-21
2007-07-18
"Há poetas [...]", Carlos Nogueira Fino
há poetas que se cruzam comigo todos os dias
sem uma palavra
as esplanadas estão invariavelmente atravancadas deles
atrás dos seus olhos de lentes coloridas [...]
(Carlos Nogueira Fino, Funchal, 2004)
sem uma palavra
as esplanadas estão invariavelmente atravancadas deles
atrás dos seus olhos de lentes coloridas [...]
(Carlos Nogueira Fino, Funchal, 2004)
2007-07-03
"A estrela de Gonçalo Enes", Rosa Lobato de Faria (excerto)
Foi a estrela Sírius que o levou até ao mar.
Gonçalo Enes vivia no campo com a mãe, mas tinha aquele enlevo de levantar os olhos da terra, que trabalhava de dia, para o céu que o atraía de noite.
Quando a mãe dormia, se o tempo era quente e a noite serena, vinha sentar-se no escabelo do alpendre a ouvir os ralos e a tentar decifrar aquela imensidão de estrelas que pareciam falar-lhe. Foi o Padre Palma que lhe disse que aquela estrela se chamava Sírius e era a mais brilhante da abóbada celeste a seguir a Vénus, que afinal não era estrela, o que confundiu o pobre Gonçalo que não lhe achava grande diferença das outras estrelas, só maior e menos tremeliquenta. E então concentrou o seu amor pelas estrelas naquela ali, tão formosa, que o fazia pensar se a veriam outros em outras paragens, ou se só ele, no seu palminho de terra, do alpendre da sua casinha caiada, era capaz de enxergar.
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